Acredito que as perdas nos tomam de assalto, principalmente, no campo
dos afetos.
Há alguma luta eterna, como na metáfora de Kafka - o Ele é pressionado
por duas forças antagônicas: o passado e o futuro.
Esta agonia do “passado que não morre e do futuro que nunca
chega”(Morin)
Também diz muito de nosso campo ferido pelas perdas
Lembro que, quando pequena, me perdi dos meus pais. Segundo me contam
quando me acharam eu disse:”eu segui o avião no céu”.
Um avião se tornou por alguns instantes uma presença mais importante que
meus pais numa praia. O que mudou de lá pra cá?
A idade nos faz, no campo dos afetos, valorizar as pessoas que nos
mostram segurança, amizade, cuidado, etc
No tempo da miséria dos afetos, tempos “onfaloscópicos”(Maffesoli) o eu
requer uma presença infinita do desejo - e qualquer sinal novo no céu pode
gerar uma distração e nos fazer amargar perdas irreparáveis
Ditadura dos desejos - Força do futuro guerreando
Ditadura da segurança - força do passado
Na “lacuna” está o Ele.
Que nem é presente, é apenas Ele.
Não foi Kafka quem disse isso, mas Hannah Arendt, esta lacuna só será
verdadeiramente um Presente se o Ele se impuser contra as forças do passado e
futuro e lutar por sua liberdade
Mas, no campo dos afetos, o que é ser livre?
O medo de perder e de não ter vivido por manter - é sintoma
Signo
Na constelação dos nossos precipícios …
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