quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A felicidade desesperadamente (André Comte-Sponville)...Li e lancei um pequeno Olhar sobre a Tese do ser feliz sem esperar...


Escrever sobre a felicidade é desafio encarado por poucos...o livro "A felicidade desesperadamente" me apareceu como um sorriso, bem leve e cheio de propostas...não consegui deixá-lo passar pelos olhos sem escrever algo sobre ele....


O que podemos fazer para que não cheguemos a conclusão fria de Aragon:
'Digam as palavras ‘minha vida’ e contenham as lágrimas!' (P.24)
?
o que?!
Se a felicidade é considerada o desejo primeiro e basilar do homem, vê-se que este não a possui! E é entre valas que se encontra e se perde - o homem:
o sentimento de ser feliz no desafio de sua busca e
o outro lado distante...
a felicidade pós-conquista daquilo que parecia sê-la.

Para estabelecer a felicidade possível ou “desesperada”(como a nomina Sponville), dever-se-á impedir o movimento pendular entre o tédio, diante do palpável,
e o desejo pelo intangível – que impotencializa o homem.
absolutamente certo!

Já que a esperança tem transformado o homem num tipo de caçador de ventos - naquele primeiro abismo me proponho (o sentimento de ser feliz no desafio da busca..no caminho...).

Colocar, ou pelo menos tentar isto, uma ponte entre a felicidade possível e a felicidade pretendida – o nome dessa ponte, para Sponville, seria a FELICIDADE EM ATO, que não se deixa surrupiar pelo devir, que “quer ser feliz” e isto como possibilidade, solta de crenças. Para ele a felicidade é diametralmente oposta da esperança, porque, segundo ele, esta é ignorante de si....não concordo em plenitude – mas há resquícios de verdade...
Vejo tantos que se acostumaram com a região dos sonhos que estão felizes com o mero contar histórias que nunca vão viver - para eles é suficiente o apenas sonhar...e a vida passando como um rio sobre seus pés...que disperdício!

Mas, para mim, o problema é que ele dá uma ênfase exacerbada a desesperança como se esta fosse a fórmula mágica para a construção daquela ideal ponte do possível...
Assim como o sol desliza no horizonte e deixa rastros de luz, há muito brilho em toda a sua obra, contudo, percebi que sua preocupação em desamarrar o homem ao devir acabou construindo uma outra armadilha – a do “mero saber” ou o que ele chama de “saber em ato” – um mito tão questionável quanto todos os refutados por ele...

A verdade é que nessa escola livre da vida os saberes confluem numa dialética por vezes desigual e a própria sabedoria escapa de tentar abrangelas...o que me faz observar que a Felicidade em Ato pode não ser tão eficaz quanto proposta em seu belo livrinho de bolso...
Poderia citar a existência do inconsciente freudiano para corroborar que o agir humano é um complexo nem sempre refletido, como pretende a Felicidade Desesperadamente...e aí me mordem algumas questões:
E se experiências novas surgissem e fustigassem o lugar comum – que por algum erudito foi denominado ‘saber’, como o homem escaparia?
a vida tem curvas que as páginas dos livros ainda não desenharam!
Isto já basta para que eu afirme que, no labirinto da vida, a sabedoria humana também é insuficiente!
Talvez - e digo isso porque apenas observo o movimento das ondas de uma primeira leitura rápida -
a Fórmula da Felicidade sem Esperar parece desconhcer a insatisfação inerente ao homem - como se mecanicamente ele se contentasse com sua proposta:
‘a vida por objeto,
A razão por meio e
A felicidade por fim’
pronto?!

Vê-se que as (arma)d(ILHAS) não são apenas da Esperança,
mas de toda teoria que se pretenda inserir neste conteúdo empírico e ao mesmo tempo metafísico chamado de : VIDA!

Sêneca foi parteiro dessa teoria desesperada:
‘quando você desaprender de esperar,
Eu o ensinarei a querer!’p.61
Frase de efeito que rodopia em nossas imagens de sonhos por alguns segundos...e mais nada...
Pois eu RESPONDO AO SENHOR SÊNECA:
Quando, Sêneca, o senhor aprender a ESPERAR...
Eu o ensinarei a agir!
Sêneca e Sponville podem ranger os dentes pelo que acabo de escrever e, por estar só neste debate, chamaria a querida Cecília Meirelles:
‘é difícil se convencer de que SE É FELIZ,
Assim como é fácil achar que sempre falta algo...’
\0/
A única síntese de todo o meu diálogo com esse livrinho precioso é:
Não há solo firme para felicidade dentro do homem
Nem a falta de esperança, nem a sua abundância
É possível ser feliz sem esperar?(Sponville perguntaria)
Eu afirmaria: Não há como escapar da Esperança...e Por que escapar?! Ela está ligada à vida...e quantos ainda ESPERAM POR ELA?
aprender a ser feliz
tecendo a felicidade em cada gota do dia
ser feliz - esperando?! ou não?!....

SER
FELIZ -
na Espera
Que Te alcance.
Ser Feliz
Sem medo de esperas
Sem receios
sÊ!
-=]
É interessante...Jesus sussurou alguns sinais da trilha pela Felicidade - e, diferentemente do que pensam os homens, Ele não foca apenas o ALÉM - quase todo o seu discurso está atrelado
aos cotidianos...
as superações...apenas em um versículo fala do além-terra...
Vejam:

Quando Jesus viu aquelas multidões, subiu um monte e sentou-se. Os seus discípulos chegaram perto dele,

e ele começou a ensiná-los.

—Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do Céu é delas.

—Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará.

—Felizes as pessoas humildes, pois receberão o que Deus tem prometido.

—Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as deixará completamente satisfeitas.

—Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia delas.

—Felizes as pessoas que têm o coração puro, pois elas verão a Deus.

—Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos.

—Felizes as pessoas que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas.

—Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores.

Fiquem alegres e felizes, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês. Porque foi assim mesmo que perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.

Mt5:1-12...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Aquele nome...




Talvez, o que aqui se conte seja uma história para receber alvíssaras,

e é por isso que vou contá-la: não para recebê-las, mas para divulgar que

ainda hoje há quem as mereça...

Todos os dias acordava bem cedo para tracejar meus primeiros passos do dia...

Costumava sempre pegar o mesmo caminho (a rotina nem sempre é enjoativa – faz-se, quase sempre, mais que necessária...)...

É engraçado ver os mesmo olhos, na mesma rua, fazendo exatas as mesmas tarefas dos dias anteriores..

Estava íntima daqueles momentos, poderia adivinhar algumas palavras que seriam ditas...

Até que percebi um novo “morador” em minha aldeia...

Ele trajava-se de silêncios e medos...

Suas dores exalavam de seus olhos feridos...

Não sabia dizer se ele era fruto dos padrastos tóxicos deste mundo moderno ou se a vida fora tão ruim com ele que o fizera vergar e desistir do sonho, da luta....

Certo é que aquela figura furtou o meu dia...

O tempo todo fazia comparações entre suas vestes e as minhas...

Seu “lar-sem-lar” e o meu...

Sua fome ardida e os meus pães sobre a mesa todo o dia...

Meu Deus....

A angústia me atravessava o olhar da alma...

Dormir em cama separada pela bem-aventurança de ter uma família,

agora parecia me incomodar...

Mas dobrei minhas questões e as pus debaixo dos meus olhos intranqüilos... até dormir...

Pela manhã acordei na expectativa de ver aquela curva curiosa em meu caminho e indo até ela desfiz-me de meus preconceitos e lancei um som para aquele inusitado morador descalço: “Bom dia senhor! Tudo bem...o senhor é novo por aqui?! Vamos lanchar comigo?!”...

Ele ficou tão surpreso que sorriu disfarçando os poucos dentes que o abandono lhe permitira ter e disse:

“Bom dia Sra.! Já estou feliz pelo simples fato de ter sido notado, isso foi melhor do que qualquer lanche...muito obrigada sra.!” (glup!)

Meu sorriso se desmantelou com aquela resposta...

“Mas por que?! Diga-me pelo menos teu nome?!vamos...”

Ele sorriu novamente: “Meu nome?! Não lembro mais! Há tantos anos fui entregue ao anonimato...o máximo que me diziam de bom era : Deus te abençoe rapaz!

Nuca perguntaram meu nome e eu simplesmente o esqueci....”

E por um instante silenciou aquele sorriso tão raro e vívido...

Eu lhe disse: “Se não lembras teu nome...será que eu poderia chamá-lo EMANUEL?!” ele sorriu novamente...

“Claro sra!”

Naquele momento o abracei sem duvidar e entre as lagrimas daquele rosto que colhi rasgaram-se verdades latentes em minha mente:

as sombras de nossas cabeças meneantes;

os vidros fechados de nossos carros soberbos;

as portas encadeadas da alma...

tudo isso...

nos tem feito menos humanos...

Após longo abraço e choro compartilhado repliquei:

“Não quer lanchar mesmo EAMANUEL?!”

“Não sra! Hoje é um dia único na minha vida!!!!! A um só tempo renasci – fui batizado não com uma palavra, Mas com teu abraço. Me sentia morto, as pessoas passavam por mim e pisavam em minha presença...Obrigada sra! Mas agora tenho que ir...continuarei minha andança e nunca mais me esquecerei desse nome...

EMANUEL!!!(Corria ele gritando a rua acima...)

Tchau sra!

EMANUEL!!!

EMANUEL!!! "

Ficamos... eu e minha mão...

cortando o céu do adeus...

entre lágrimas desprendidas,

só conseguia sussurrar:

Emanuel......

Emanuel....

Emanuel....

Em quantas ruas te vi e não tornei para ti, Emanuel?!

Emanuel...

Emanuel...

EmanuEL!

em Cristo,
ileide sampaio-=]

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Da falta e do querer...



a falta e o querer...
Já notaram como estes siameses nos perseguem?!
Como as sombras – silenciosas que são, nunca nos deixam andar sozinhos...
Tente hoje tomar aquela longa lista de teus desejos – nos idos do passado...
Vê como muito do que você conseguiu não silenciou a sede do querer – abismo profundo...

A lista longa ainda hoje talvez aumente, mas, se possível, para um pouco, verifica!
Colhe os pedidos angustiantes, os sonhos guerreados!
Vê como não te trouxeram a completude que sonhava?!

No que nos assemelhamos aos berros daquele bebê encantado com o mundo novo?!
Para convencer uma criança a ouvir esse dito seria necessário pedir licença de seus próprios olhos e ouvidos para que não cedesse aos convites alheios...

E nós?!
Nós somos crias das novidades, do inalcançado, o intangível....
Fomos “mal-ensinados” a cultivar um amor platônico pelo que está fora do nosso alcance...mas ...por que isso?!
E, sinceramente?1 da alma mais fútil a mais desprendida e elevada, todas estão impregnadas pelas digitais desses nanismos humano - aqui nominados de:

essa falta...

esse querer...

Talvez... Se delimitássemos melhor o que realmente nos é suficiente poderíamos desatar esses nós..
Mas nós não temos tempo,
queremos tanto E tantas coisas que as palavras não se encerram...
São gritos da alma – espezinhada, descabelada, solta...

Se é verdade que uma pessoa conformada é diminuta, da mesma forma a alma sedenta de todas as coisas que não possui, está condenada ao abismo da desILUSÃO...
Fazer o que?!
Não vim aqui trazer fórmulas mágicas – não QUERO isto para seguir...porque não necessito de cálculos PRECISOS para viver, basta que sejam preciosos....
Quero apenas ressoar meu diapasão...
Ouvindo cânticos nem sempre certos...
E repassando melodias...
Essa noite me veio esse tom - imaginei o Éden bíblico - lugar de satisfação significa seu nome, lembrei de Adão, de Eva... e rabisquei...

Um novo éden....

E lá estava ele – dormindo em palhoça tranqüila, acordado pelos dedos do ventos..sua rotina era toda diferente da cidade.

Ele não possuía relógios – ponteiros não o empurravam, apenas o encanto dos astros e o desfile das estrelas...

Não sabia o que era solidão, nunca lhe contaram os sintomas da ansiedade, stress, depressão, mágoa...estava ilhado numa só realidade que, de olhos bem abertos ou fechados, não fazia muita distinção...

Não havia instantes e sua alma flutuava..

mas é incrível!

Não demorou muito para que aquele paraíso se descortinasse...começou a sentir faltas – como socos invisíveis

Era ele agora pleno e insatisfeito – uma contradição andante...

E tudo isso por causa de um boato – OUVIU de um papagaio que haveria mundo melhor fora dali...

Um papagaio, uma voz quase impossível de traduzir...

E aquilo fez com que ruísse tudo...

Não era mais nada agradável,

tudo lhe parecia enfadonho e mesmice...

ele não sabia,

mas

Agrilhoou a alma pelos ouvidos,

os olhos por aquela conversinha

e lá se foi ele – perdendo-se de si ..

aos poucos...

..

ao chegar a cidade dos papagaios leu a mensagem que estava na porta principal:

“esta felicidade que supomos; existe sim;

mas nós não a alcançamos

porque está apenas onde pomos,

e nunca pomos onde nós estamos”Vicente de Carvalho.

Depois disso tudo pensei....

Não é a vida insatisfatória

É o "Eu" o insatisfeito!

Reconcilia-te!