quinta-feira, 24 de maio de 2012

O que o Sol levou de nós?

O que levou de nós, o tempo?! O que trouxe consigo, o vento? O que temos ainda e ainda assim devemos não ter? O que não trazemos mais em nós e devemos buscar?! Andarilhos de todo mundo! revesti-vos do que deveria haver em vós! Enquanto escrevia.... Lá estava Ele.... Catando folhas na praça... Ninguém dava conta de seu trabalho... E ele sempre tinha uma canção... Um sorriso no rosto e um inesperado Bom dia ao sol... Aqueles que passeavam e corriam na praça não o viam... Ele acordava ainda pela madrugada... E se banhava de sol rapidamente... Antes que chegassem os apressados, convidava todos ao sol.... Aquele lugar para ele tinha ares de sagrado... Tinha aromas de coisa do céu... Ele não recebia bem por sua tarefa... Mas ninguém podia dizer que era infeliz... Se assim dissessem ele sorriria de qualquer salário pago para roubar seu sol... Ele tinha ares de um Diógenes... Se Alexandre repetisse a pergunta conhecida, ele responderia: “Saia da frente do meu sol!”. Há quem viva correndo na praça pelo corpo... Outros pela saúde perdida durante anos omissos... Ele não! Ele corria na praça para enfeitá-la.... Para a limpar de suas rápidas falhas... Sentada naquele banco de praça com meus livros inquietantes, com meus papéis e prazos calados.... Eu olhava para aquele homem com um curioso olhar, quase a lhe questionar... Mas titubeei por meses até a primeira fala.... E foi num dia em que o Sol deixara aquele lugar e dera lugar à algumas gotas de chuva que eu consegui me achegar ... “Bom dia senhor! Que belo trabalho tens feito! Sol a sol o vejo cantando, colhendo folhas e arrancando um Bom dia das pessoas apressadas desta praça! Sou admiradora de teus passos por aqui.. Me conta, me ensina, qual o segredo dessa tua felicidade?!” O sorriso enrugando a pele foi desabotoando o olhar. ... Retirando o boné e coçando os cabelos grisalhos... “Senhora, o segredo da felicidade está no contentamento. Nunca vi alguém mais infeliz que o descontente. Aquele que vive iscando a alma no que não possui... Todos os dias temos um Sol, me vejo caminhando com os passos da saúde, olho para esquerda e direita e posso agradecer a Deus pela vida.. Por isso sempre acordo cedinho para que nada repouse aqui para aumentar os reclames desses apressados moradores...Fique certa, senhora, se algum dia essa praça estivesse suja, ninguém veria o Sol, todos tomariam o olho apenas naquilo que o vento leva...Meu Olho está no inamovível, naquele Sol ali. Quieto e forte, imbatível! Desculpe, mas a chuva passou e tenho que ir, mas adorei nossa conversa...” E eu?! O que eu disse?! Um sorriso amarelo, deslumbrado, me tomou de vez. Não tinha nada a dizer. A sabedoria conversou comigo numa manhã de chuva e me falou do Sol, quieto, imbatível! Sabe o que fiz após aquela manhã?! O que você faria?!

domingo, 20 de maio de 2012

Dos castelos infantis...

Vashhh... E em segundos a onda, ou um monte dela, levou aquele castelinho de areia tão demorado.. O olhar daquela criança parecia urrar... Olhava para a areia tomando fôlego para os próximos gritos.. Mas nada adiantava.... A onda audaz levara todo o seu sonho... Como explicar para ela isto? Como parar o seu choro para avisá-la que nem sempre construímos castelos para eternidade?! Ousei chegar um pouco mais perto... Tomei as "ferramentas" primeiras daquela criança desconsolada... E comecei a enterrá-las na frente dela... Queria mostrá-la como outros castelos poderiam ser construídos ... Mas nada adiantava... Ela queria aquele SEU castelo... É certo:todo sentimento de posse só cabe aos pequeninos... Aquela criança era muito pequena para entender que aqui na terra, nada temos... Olhando para aquela criança comecei a abotoar alguns botões na minha própria alma... Eu também estava cheia de castelos imaginários... De sonhos não desapegados... De choros infantis... De gritos presentes, passados e idos..... Muitos amigos me viam... Alguns sabiam daqueles castelos.... Alguns tentaram me reapresentar a forma de reconstruir, refazer... Dei ouvidos ? DEi um passo ? ... Estava cercada...e só, morando num castelo que só existia em um sonho, sonho infantil, de nada perder.... Abracei aquela criança e chorei com ela... Comecei a falar-lhe como era importante deixar o castelo ir... Comecei a inventar uma história... "Conta-se que os Castelos mais belos são escolhidos por um lindo reino de outros castelos lá nas profundezas do mar do esquecimento, e, só esquecendo-o ele poderá ser reconstruído novamente naquele mar..." A criança parou aquele choro agudo e me disse...: "Mas ele não será reconstruído para mim Por que tenho que torcer para sua reconstrução onde nunca mais verei?!" Sorri... Mais uma vez aquele sentimento pequeno de posse Como somos infantis por vezes... "Saber que ele permanece, mesmo distante de nós, isso deve ser suficiente... Construir castelos Contar com a sorte e as ondas dos dias e, simplesmente.... Deixar viver, Deixar passar, São princípios do amor, pequena, deixe seu castelo ir...."...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Bussolar...a vida pede mais conjugações!

Bussolar... Sei que este verbo deveria existir... Senti hoje ao ouvir a tantos ... Com anseios tão dispersos, tão sem destino... Bussolar... Atrair para si algum sentido que direcione o instante... Não perder de vista o destino do agora, muito mais que ser guiado pelos limites do momento... Bussolar... Queria ensolarar teus olhos com essa notícia ... Podemos conjugar da vida qualquer anseio... Mas a vida requer mais que conjugações imediatistas... Bussolar... Sentir que se anda com destino... Que andar em círculos é pra quem se perde... Bussolar.... De tanto repetir este verbo talvez eu o crie... Se o criar tratarei de vê-lo crescentemente descortinando o fim.... Crescentemente, porque o fim é mistério ... Não há verbo nem bússolas que o preveja... Mas bussolando você andaria menos, sofreria menos, choraria menos ainda, não acha?! Sério, Tudo faria mais sentido... E sentido é a reflexão que pede mais que o instante... Imagine você bussolando sua dor de hoje : "Estou nesse vale porque é esse o caminho Devo atravessá-lo, ponto.". Imagine que a bússola existe... Ela está tão perto de ti ... Ela não costuma ter um norte fixo...intangível...inalterado?.. Nem pensar!!!!, ela permite atropelos... Aceite as mudanças, mas não viva nelas!!! Elas só requerem uma coisa de ti: o pensar antes de agir... Elas apenas indicam que precisa de um norte para além do segundo frio... Talvez, O verbo Bussolar esteja guardado, quase escondido, no sorriso da criança carregada pelo colo do pai... Mas você não teve tempo de ver E ReFLETIR... Você carregará fardos menores amanhã andando bem no hoje.... Pense com olho no destinar... Ileide Sampaio...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Escolher é ácido para quem sonha...

Toda escolha tem dentro de si, encapsulada, uma floresta de sonhos. É que a escolha guarda mais que um sonho, sua diversidade está para além do imaginado.... Por este motivo, Escolher é ácido para quem sonha... Sonhos são janelas invisíveis para outros sonhos, são espelho e reflexo, são imagem e confusão de emissão e entendimento... Nós os dependuramos em algumas datas... Aqueles calendários sempre mudam, assim como os sonhos... Arrancamos suas páginas.. Vão-se os sonhos.. Vazios que eram.. Entram outros... Mas os sonhos tidos como âncoras da alma... Ah, esses pesam... Deixam sombreados seus rastros.. Parece que, instintivamente ou não, seguiremos todo passo futuro em sua busca.. Nosso pote de ouro ao final do arco-íris... Nosso céu na terra.. O dia do sonho em vida... O problema é saber, qual é esse sonho que satisfará a alma em definitivo... Sonhar é escolher? Disto não recolho dúvida... Sonhar é colher aquele som da pintura.. É guardar o silêncio daquele que carrega a armadura... É superar-se na corda invisível de nossas expectativas... Escolhes ou Sonhas?! Frequentemente, se escolhemos mais que sonhamos, somos ativos quanto às questões da vida... Se sonhamos em vida, mais do que escolhemos, simplesmente não vivemos. Apenas sonhamos... Sonhas assim?! Perturbas assim?! Escolhe, pois, dentre teus sonhos o abandono de outros... Deixa então cair as folhas, lentamente.. Deixa o vento bagunceiro arrastar o que lhe for desnecessário... Deixa ir... Deixa de sonhar como se isso fosse tua única escolha... Deixarás de viver para sonhares?! Sonharás sem escolher!? Escolhe o renovo, seja da flor em broto, ou dela aparentemente desperdiçada , morta, deixada ao chão.. Não esquece isso: Tudo é frutífero quando temos um chão Basta reajustar o olhar da alma e não se prender ao instante do nascer ou morrer dos sonhos e escolhas...tudo germinará.... Ileide Sampaio

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sequestro-de-Si não é eterno! é passo, em descompasso..

Se eu perder alguma letra foi culpa daquele sorriso engolido Culpa daquela palavra não dita Daquele toque intocado Se eu disser algo que não deveria ser dito Culpa daquele teu silêncio que me obrigou a silenciar Falha daquele orgulho pueril, infantil De viver-brincar Devo admitir que as palavras me assaltam, me tomam Seqüestros insanos E qual sequestro não tem em si uma insanidade inerente?! Mas este é diverso Somos assaltados dentro de nós Somos saqueados de nossas riquezas tão angustiosamente conquistadas Somos roubados sem o menor aviso Sem um alerta sombrio de: "Mãos ao alto!!!" Daquilo que se vai Restam sempre pegadas, cheiros, passos, historias e memórias Esse é o outro elemento angustiante dessa nova forma de sequestro Lhe rouba a memória do futuro, sua graça se dispersa, se dilui Olhe bem nos olhos dessas letras Fixe bem aqui seu motivo de ter lido cada uma com curiosidade Temos sempre algo em nós que se prende ao outro É hora de travessia, como afirma Pessoa é chegado O fim Quero meu resgate!!! Disfarçadamente podes pedir o teu, vamos lá?! Grite para tua alma: "êi, traga-me à tona!!!!" Já estou aqui, fugindo do que ali estava Era um sequestro Hoje é uma história Apenas um intervalo Um passo Lembrando dele peguei brevemente meu lápis moderno e fui rabiscando esse texto, rabiscado de dor Fui sendo seqüestrada Queria dizer a ti De olhos e alma bem abertos Que o preço de nosso retorno é a ousadia, a fuga do velho, a sede do novo... Nada menos Não menos Vá Mas Não Menos Vá Siga! Pague teu preço Saia desse sequestro de si!!! - Ileide Sampaio

terça-feira, 1 de maio de 2012

É pecado sonhar?

— É pecado sonhar? — Não, Capitu. Nunca foi. — Então por que essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte nossos sonhos? — Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer. (Dom Casmurro) Grande MACHADO DE ASSIS!!!