Tudo que eu queria era passar...
Na ponta dos pés,
seguindo...
Ousando não ser percebida,
suando...
Mas lá estava eu...
Sentada num banco centenário (UFC - Mestrado)...
Às portas de um grande OUTRO exame...
Entre o passo e a porta: observando o arco-íris formado nas plantas aguadas
Lendo
Relendo
Da leitura escorrereu para a alma aquele jardim gotejado
Encharcando os olhos de memórias: marejados...
Aquele banco
Aquela porta
Aquela faculdade
Antes tudo apenas sentido de longe - ao longe
Como entrei aqui?!
Sentei do lado de Deus?!
Ele sentou ao meu lado...
Ter sido aprovada naquele mestrado...
Ter sido aprovada nas diversas cadeiras em um ano corrido - veloz, tumultuado...
Ter ido...
Vestígios são aqueles signos que deixamos cair
Como aquelas gotas de suor que foram despejadas,
mas que nem todos poderão ver
A minha luta anterior
Todos os meus dias antes do dia de hoje
São vestígios
Saberão deles meu Deus, alguns amigos e eu...
Mas hoje foi dia de ver aquele vestígio de luz
Naquelas flores cintilando...
Só eu verei aquele momento
Só eu o terei em meus olhos...
O que faço ao descrever aquele instante?!
Reacendê-lo para alguns
Anunciando que a luta abre portas sonhadas - quando lutamos...
O que ficou neste dia em que fui qualificada para apresentar minha Dissertação:
Nossa história não é espetáculo para todos...
Nossa história é uma sussurro nosso, compartilhado com poucos...
Nossa história é mera passagem...
Nossa história é mero vestígio...
Que eu tentarei cumprir
Na ponta dos pés...
"A poesia é uma expressão do não-ser do poeta. O que escrevo não é o que tenho; é o que me falta. Escrevo porque tenho sede e não tenho água. Sou pote. A poesia é água. O pote é um pedaço de não-ser cercado de argila por todos os lados, menos um. O pote é útil porque ele é um vazio que se pode carregar. Nesse vazio que não mata a sede de ninguém pode-se colher, na fonte, a água que mata a sede. Poeta é pote. Poesia é água. ". (ALVES, 2014. p.112).
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Beijando o chão e a vida....
Quase esperava para ver se alguém o socorreria, mas não
podia confiar uma vida ao destino...
A vida quer de nós mais que expectativa – quer expectação...
Ninguém parava para dobrar-se e ajudar
Dois pararam
Mas apenas para comentar
Todos temem a sujeira alheia
Corri em sua direção como se o conhecesse
Meio atordoado
Aquele era o dia do seu encontro
E ele desencontrado, perguntando como a vida pode ser tão inesperada
como num carrossel
Segundos... E ele alí ao chão
Logo ele que minutos antes estava em nuvens..
Preciso dizer:
Ele era epilético...
Acabara de ter uma grande crise
Tremia muito mais que qualquer mortal
Ele sentia um mal súbito no seu primeiro encontro tão esperado
Tão tímido que era
Escondeu-se por entre as malhas da internet
Penetrando o olhar de uma menina que enamorou por dois longos
anos
Até que, afrontado pelo sentir empolvorado,, marcou o dia de
encarar aquele olhar
Aquele dia foi então firmado com um mês de antecedência
Ele alegou trabalhos e viagens
Tudo irreal
O que o fazia temer e tremer era mesmo aquele seu segredo
Não se deve guardar segredos
Não para quem se pretende amar sem prazo
Não se deve fugir de meandros, ainda que sejam conflituosos
Um amor sem prazo pede mais que só uma parte, pede o todo
No dia anterior ele não dormiu...
Às portas de compromissos como esses ouvimos o barulho dos segundos como se fossem passos de
gigantes em nossas camadas de gelo...
De doer!
E não se dorme, nem se deixa dormir
Ligou para quem pôde
Escreveu e leu até forçar algum tipo de sono
Tudo em vão
Apenas tricotou piscadelas olhando para lua cheia em sua
janela
Breve sol despontou
Curioso: ele cegou!
Olhou tanto para aquele sol nascente
que esqueceu...
desafiando-o
Cegaria...
Cegaria...
Mas, para ele, valeu o olhar...
Ter um momento na vida que sufoque todo o resto
Ter um alguém que traga uma lembrança tão forte
Que a mais Hercúlea força não o mova...
Cego por um momento,
Dê algum nome aquele encanto:
o enamorar...
o enamorar...
Lembrou que o encontro tinha sido marcado para noite
E não fez isso porque a noite é mais romântica
O fez porque temia que tivesse uma crise a luz do dia
Seria menos doloroso se as sombras lhe recolhessem e diminuíssem
a imagem crua
Sem perceber
Lá estava...
Uma hora antes, no restaurante combinado
Mãos suando como nunca
Cada minuto olhava para o relógio quase parado – cheio de
surpresa
Alguém tomou-o de repente
Fechou seus olhos
Era ela...
Não sabia como responder aquela brincadeira
Eles não tinham proximidades
Apenas se comunicavam por redes sociais, sempre frias e
escamoetadas
Na vida tudo é cru
E só o que vale deve ser descoberto
Valeria?!
Ele ousou beijar a mão, o primeiro beijo tão sonhado...
Por horas conversaram
Por horas mesmo
Quase foram expulsos daquel recinto
Ele a convidou para sair
A deixaria em sua casa
Ela aceitou afirmando que já era tarde e trabalhava no outro
dia
Ele caminhava e ela não podia perceber
Ele estava a flutuar
Eram tantos quilômetros de conversa a serem postos em dia
Eram tantos momentos raros para colecionar
Ele queria andar com a maior lentidão possível
Atrasar o curso ao menos do caminhar
Já que o tempo é irrefreável
Ela chegou a sua casa
Momentos antes ele tinha sentido fortes dores de cabeça
Mas nada disse
Jamais iria querer compartilhar tão cedo sua dor
Ela fechou a porta
Distraiu
Ele, segundos após, ruiu sobre a calçada
Porta fechada
Ela nada ouviu
Eu só estou narrando isso a vocês porque, por coincidência,
Tinha ido comprar remédios..
Tinha sido, para mim, um dia terrível, daqueles!!!
Resmungando pela noite
Vi a cena
Um homem caído
Duas pessoas olhando para ele, fingindo não ver, fugindo...
Parei o carro
Esqueci minhas dores e mal estar – a rabujenta calou-se, enfim!
Aquela dor que sentimos pode não ter cura,
Mas o melhor remédio sempre será esse
Não fechar-se em seu mundo
Olhar adiante e diante de si...
Foi o que fiz...
Segurei seus braços e pernas sem ajuda alguma
Nessas horas de atropelo
Acredito eu
Deus, seus anjos, nos dão uma força que não temos
Ultrapassamos tantos obstáculos nessa vida
Não acredito terem sido apenas as minhas pernas à saltá-los
Impossível!!!
Aos poucos ele foi retornando
Os olhos deixaram aquele desencontro
Sua cabeça aquietando ao chão
Ele suando muito perguntou quem eu era
Eu lhe disse:
"Sou alguém que também tem epilepsia.
Não se preocupe, eu sei como se sente, fique tranqüilo..."
Perdoem-me.
Eu menti!
Não tenho e nunca tive epilepsia
Falei isso só para que ele descansasse
E funcionou!
Tendo dito isso ele confiou a mim toda a história aqui
narrada
Ele sossegou...
Ao final terminou sua história com um verso:
"Caí aos pés do meu sonho.
Rendido.
Relutante.
Sonhei.
O Vi.
O Vi.
Vivi.."
(Nesta hora sorrimos intensamente, esquecemos os nossos
mares...)
O sorriso é uma oração!
A mais bela, a mais intensa..
Ele traz e leva...
Deixa só o que nos transforma...
Ele esquecia que teria que contar, um dia, de sua epilepsia
Eu esquecia meu dia, minhas dores
Numa porta entre-aberta ou fechada
Deus sempre nos enviará alguém, ainda que seja um anjo
invisível para nos dizer
“Calma, eu entendo sua dor, eu também sou epilético...
Epiléticos Somos todos: hu(manos).
Basta identificar-se com a dor sentida por outro,
como se a tivesse...:
esse é o princípio da cura...”
esse é o princípio da cura...”
Desde aquele dia
Nos tornamos mais e mais amigos
Num dia de encontros ele tombou: beijou o chão
Num dia de dores eu saltei de mim: beijei a vida que tinha
ali
O chão e a vida, ambos, sagrados...
Nos encontramos sempre...
Com portas abertas
Ou não....
Apenas
pare!
Repare...além de ti...
Ileide Sampaio
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Escrever é uma oração!
Queria tratar de algo que me custasse cada gota de tinta
aqui derramada...
Queria mesmo era desenhar uma expressão que martelasse nos
ouvidos da minha alma por dias...
Mas o que tenho em mãos é tão pouco...
Apenas papel e caneta...
Por isso percebi algo....
Apenas papel e caneta...
Por isso percebi algo....
Escrever é uma oração!
Para quem olha para aquela aprendiz de escritor não há nada
ali
Ela conversa com seres imemoriais – invisíveis
No canto da boca traz alguns sorrisos, as vezes chora
Tudo ali
Diante de um papel e uma caneta, apenas isso...
Mas o que a leva a escrever,
O que trará alguma linha rara?!
O que trará alguma linha rara?!
Ah, isso é indizível!
De onde brota a inspiração de Nietzsche, Shakespeare,
Goethe, Dante, Quintana, Pessoa, Clarice e tantos outros..?!
Há sim alguma
fagulha divina em escrever
Há algum mistério
religioso
Uma prática e
disciplina ferventando as ideias, liberando mais tom
Uma crise que se
transforma em oração
Uma semana que se
alheia toda, devota-se em terminar o conto, a crônica, poesia ou fado..
Não é fardo
É uma oração...
Como se cada parte
do texto fosse uma paixão daquelas
Não faz bem nem mal,
apenas não nos deixa viver sem
A escrita é a filha
dessa paixão apavorada,
essa oração fervorosa...
essa oração fervorosa...
O que ela nos pede
eu não sei
Só sei que teimo,
insisto: hei de escrever... Com ou sem inspiração: é minha reza, meu pedido, minha oração...
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Inquietudes Humanas... (Um olhar por entre os cacos de ontens).
Naquele mar de sentimentos
tudo estava calmo.
Ela banhava-se de sóis imensos, multiformes e
inspiradores...
Até trazer a grande onda sufocada.
Aquela que há tempos vinha sendo segurada pelos ventos da
memória...
Ah, dia louco esse!
Algum canto de sereia deve tê-la forçado a isto...
Aquele dia sério trouxe um novo-velho sorriso...
Pelo Dom de Viver ela quis dar uma chance,
resolver aquelas intransparências,
Entregar parte da sua calmaria àquele sentimento diverso: de
marés...
Eles correram para si
Ela ainda não sabe dizer se ela correu com ou sem ele ou se
ambos sentiam o mesmo...
Mas Ele, quase adivinhado-a (eles se conhecem há anos),
propôs o tempo todo que ela tocasse onde mais pulsava: aquele peito corria a
mil..
Ela sorriu, por um instante, sonhou...
Aquele coração de novo ali inquieto por ela...
Sua mão sobre ele...quase sussurrando uma oração
Por um minuto, queria ter o controle
Já tentei não pensar sobre isso,
Mas é impossível!
Se pudesse ter um controle, ainda que remoto, sobre quem
escolhi?!
Não falo de controlar no sentido tirânico
Falo de controle ao menos no sentido de previsibilidade
Chata essa mania que temos de emparelharmo-nos pensando: “O
que será que ele(a) estará pensando?!, sentindo?!”
Queria um controle apenas com um botão: A VERDADE!
Mas Ele não poderia saber disso...
Ela sorriu, com a mão indo e voltando ao peito daquele livre
amor, inquietante
A distância entre a mão e o sentir
O vale entre o que achamos do outro e o que realmente lá
estará
É sempre assim
Por isso reclamo: deveríamos ter vindo com um Botão!
Mas o que temos são:
Inquietudes
Inconsistências
Imaginações
Importunações
Induções
Percebo que vivemos muito do que imaginamos
Imaginamos mais que vivemos?!
Eu não sei, mas em matéria de sentir somos iscados...
Queria adicionar algo que o fizesse sumir dos meus
históricos mentais..
Do meu sentir...
Some de mim: O que sonhei,
mas diminua com a imagem quebrada do dia a dia...
mas diminua com a imagem quebrada do dia a dia...
Some!
Espelho quebrado!
Espelho quebrado!
Que eu quero viver...
Eu quero um tipo de inquietude, mas que seja tranqüila
Aquela que me reserve ao menos um pouco de verso, alguma
rima ou cadência de sons
Estamos em dissintonia, desarmonizados e sorrindo
Isto tudo porque não ousarei requerer nada de ti
Não vou esgotar minhas palavras perguntando: Por que não
....
Ficarei observando como uma águia...
O problema é que eu não sei olhar adiante...
Eu não sei voar com os olhos num canto e outro..
Essa espécie humana precisa saber rever de si o ser
estrábico de amar: é feio, deselegante...
Eu tenho olhos e alma plenos e presos...
Dessa inquietude de (a)mar...
Que Arrasta e benze...
Traz mistérios de imensidão, devastando marcos, dizendo
estar
Solta
Solta
Boba
Tola
qual
qual
Gota
.
Tenho angústias de coerência e
sentido...
Tenho alma para paradoxos, mas sonho
com quadros bem desenhados: quase cartesianos.
O devotar-se
O partir-se
O sentir ... (se)
Ah, Inquietudes Humanas!!!: Aquele
espelho quebrado, quebrando-se...
Irei aos cacos!
Tomarei um que seja, ou alguns..
Com eles farei um caleidoscópio,
incolor, cru...
Olhando para trás com um caco...
Olhando para trás como um asno...
Querendo ver o que virá – ainda olhando
para trás?!
Sem perceber, e , ainda sim,
Entre as imagens multipartidas,
A imagem do sonho abandonado,
Vai crescer em ti..
Vai ficar imensa, na imensidão do existir...
E quando arriscar, quando ousar mais uma vez, e der errado aquele
sentimento trilhado...
Vai sentir tudo novo de novo!
No mesmo tom arrastar e diminuir o (en)canto...
Estilhaçando o espelho do ideal e brincando nos pedaços de
vidros restantes,
Cortando-se de tanto olhar..
Olhando por entre os cacos de ontem...
Olhando por entre os cacos de ontem...
Teimando em
Olhar...
Das inquietudes humanas fica uma lição, também inquieta:
Olhar...
Das inquietudes humanas fica uma lição, também inquieta:
Olhar para trás é ter um vidro afiado na mão...
;)
Assinar:
Postagens (Atom)