quarta-feira, 26 de maio de 2010

Das lembranças....





Qual vulcão esquecido que um dia despejou fagulhas para todos os lados – adormecido e perigosamente vivo –
tal qual são as lembranças.
Se elas agora despertassem de seu sono muitas frases seriam soltas, outras teimariam em continuar presas naquelas finas camadas - na derme dos espaços preparados para o esquecer.
E não adianta tentar contê-las
Durmam quietas, inquietas imagens que teimam em me aturdir - em fazer meu hoje sombreado, turbulento de vozes e sentidos que já não estão aqui; simplesmente, durmam!
Há quem pretenda dizer que enterrará vulcões, que o esquecimento os batizou com um buraco negro na alma para onde vai todo princípio de erupção – Nisto Nietzsche : “É possível viver quase sem lembrança, e viver feliz, como demonstra o animal, mas é impossível viver sem esquecer.”
Sponville trata do esquecimento como uma HIGIENE NA ALMA, como um aspecto de sanidade, de continuidade e prolongamento da vida – de uma necessidade e virtude que devemos exercer – se quisermos mesmo, mais que sobreviver...

A PERGUNTA QUE NOS RESTA É: Como, então, vivemos?!? Se os vulcões lá estão - longamente adormecidos?!


Diga-te:
“Há quanto tempo não erupciona a sua alma?!”


ileide-=]

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Marca de um Pássaro



Não gosto muito de me aventurar em metáforas - mas essa foi uma tentativa, creio,

feliz-=]

...
Chama-se (batizo textos como se fosse uma cria minha, talvez seja - da alma):


"A Marca de um Pássaro"



Dois pássaros, como de costume, cortavam os céus numa manhã ensolarada até que foram feridos, repentinamente, por algumas pedras...


Muitos dias passaram em Terra, esperando que as feridas curassem e aguardando o dia de suas melhoras.
Quem saberia o dia?!

....


Mas ele chegou e os dois subiram às alturas, contudo, de repente um dos pássaros olhou para baixo e teve medo:
“ será que é mesmo seguro?!Acho que vou desistir..."


Enquanto isso, o outro pássaro queria desafiar as alturas até então inalcançadas por ele,

mas ao perceber que o outro pássaro estava descendo se desesperou e gritou:

“Amigo!!! Para onde vais?! Por que estás descendo?!!

Venha ver quantas Novas Maravilhas há aqui em cima!!!”

O outro pássaro respondeu:

“Amigo, não tenho mais coragem de me expor tanto...é muito arriscado....sempre que vou subindo lembro-me daquele dia...”

Seu amigo sem entender o porquê de tanto medo disse:

“Dia?! Que dia?!”

E o outro pássaro lhe respondeu:

“Lembra quando estávamos juntos sovbrevoando a Terra e fomos atingidos por pedras terríveis!!! Você não lembra?!”

Ao que se amigo respondeu:

“Pedras?! Que pedras?! “ e sorriu lagarmente...
“Você está falando do dia em que fomos marcados por Deus para enfrentarmos desafios?!” e mais uma vez estendeu os lábios num largo sorriso...


“Pedras?! Não, eu não lembro! Eu não permiti que elas marcassem minha alma, porque nasci para voar....As marcas que aqui tenho, são signos, sinais de que eu estava no local certo: ÀS ALTURAS!!!”

e sorriu deveras...
“E olha amigo, se Deus me fez para voar este é o lugar mais seguro para eu estar!!!, vamos?!”

O outro pássaro entristecido, preso às suas lembranças, mesmo depois de tudo que ouviu acabou descendo...
...

Ao solo, seus dias foram passando..
Nem ele mesmo percebia...
Suas caracerísticas foram sendo perdidas...

Desaprendeu a voar...

Perdeu o seu canto e as únicas coisas para as quais conseguia olhar eram:

Para a ferida em seu peito

E seu ninho - estranhamente deitado ao chão

Fragilizado pelas criaturas terrenas e seu pó ...

Nada mais...


ileide sampaio-=]


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Do anseio...





Aqueles dias em que a esperança toma o viço do medo

Quando a alma é arrebatada pelo cálido segundo ainda não despetalado

Nesses dias em que fenece a alma pelo anseio resguardado entre muráis de bronze

Encontro-me ausente do instante que se apresenta

Sou um outro momento e não o agora

Um instante disperso, sem azo nem passo

Uma porta entre-aberta

Uma casa destelhada pelos ventos do medo –

num pleno deserto.

Cura-me então a sede, Deus sem-pressa

Trata-me os olhos da alma

Ajuda-me a destrilhar os passos do desassossego

Erige em mim um altar-silencioso

Um acesso a tua harmonioza morada

Acesa por teus serenos olhos....











nada mais!

ileide-=]


Como afirmado pelo meu querido Goethe:

"[....] Oh vida! oh labirinto!
de novo o mesmo sois.

Já renascer me sinto.
[....]
Começa em vagos sons meu estro a palpitar,
qual de uma harpa eólia o triste delirar...

Já sinto estremeções; o pranto segue ao pranto,

e o duro coração se abranda por encanto.

O que foi, torna a ser. O que é, perde existência.
O palpável é nada. O nada assume essência. "...genial..."O FAUSTO", por favor - leiam!!!

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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Escrevi isso num dia em que minha mãe lembrava-me: “Chega já seu vigésimo NONO ano...”


Devastando os caminhos que não descobri, pude perceber que havia algo entre os nós, que as parcelas de cores e sombras mesclavam-se numa dissintonia que UM DIA emitiria sons harmônicos para mim... Antes não entendia, mas hoje algumas notas já me soam propositais e certas. Olhei para o calendário de minhas memórias e eis que os vinte e oito anos de caminhada me fizeram apenas aprendiz: rabiscando enfeites, tentando humanizar os segundos e subjetivando a alma até vê-la “intransparente”... Vinte e Nove anos chegam então, e essa floresta que carrego em meus olhos parece cada vez mais virgem e intocada, tudo me espelha o encanto, vejo sons novos, sigo alguns apenas – minha mania de pensar Muito e Muitíssimo antes de agir não decaiu nesses longos-curtos anos de andanças. Cá estou, creio que não ando em círculos, que tenha feito alguns progressos, lembro que ajudei tantas vidas...lembro das meninas da FEBEM-ce, de tantas pessoas em Igrejas e fora delas (CECOVI, MARANHÃO, ITAPERY, ICARAÍ, FACUL...)que pude ser um pouco de “Peregrina” (leram o livro?! Se AINDA não o leram, por favor: o façam nesse novo ano..) Ah, esvoaçadas lembranças...e Como voam os dias!, mais rápidos que o toque das asas de um beija-flor em pleno vôo... No espelho ainda não vejo tanta diferença, em minha escrita já vejo alguma, no meu jeito creio ainda ser a mesma menina que sonha e aposta na vida, que vê nos amigos uma esperança de estar em mais de um lugar ao mesmo tempo, que vê o amor com certa desconfiança - até que o tempo o confirme e mature as palavras e promessas nas sentenças dos dias... Sou agora Vinte e Nove Anos mais velha, chegarei à mais um ano com novas canções (hoje percebi que já possuo vinte e cinco cânticos que saíram saiba Deus o porque...), novos e mesmos sonhos, mas o que é interessante nessa longa e curta caminhada é que uma visão em mmim petrificou Como se fosse a minha Cláusula Pétrea: Isso reside em mim:
tudo que há na floresta é apenas visão passageira, há algo mais sublime, cada dia é a minha Missão...
(ainda sonho com os cristãos comprometidos de caráter límpido,
com a causa social, com a conscientização ambiental,
com o motivo do sucesso tão-somente para ajudar alguém que não pode nada devolver-me, ....)
sou ainda sonho e
meu gosto pelos ares não me sai um segundo...

Nestes quase Vinte e Nove longos-curtos anos eu percebi que AINDA
não aprendi a viver isoladamente, não consegui viver o egoísmo, a ambição... apenas cavei em tudo algum altar para o sobre-natural, algo que sobrelevasse tudo que desejava, porque se não estivesse BEM ALTO... não conseguiria desejar. É, são longos-curtos vinte e nove anos, mas algo não muda: Sou estrangeira em terra estranha: não aprendi a língua daqui!

Da VidA...profundamente VIVA


a vida é aquele misto desconhecido
indecifrável no hoje
um signo intangível, uma escolha e absurdo

por vezes a vida mostra-se toda convite
noutras uma escolha ditada no silêncio mistério do existir

saberá dela uns anjos eternais
quem sabe nos mitos haja flores e cores que lhe descubram o olhar?!

Ah vida inquieta, passiva,
flúida e contraditória
apegada ao desapego
solta,
agrilhoada entre monções do insossego

quem comportará teus leitos nascentes
tuas vagas desonduladas?!

Ah, será o o mesmo Deus que planeou águas turbulentas?!
que numa voz rompente, mudou teu curso “impestuoso”?!


Sim,o mesmo que interrompendo a normalidade, como lhe é de praxe,
resolveu estilhaçar-se,
arriscando a própria janela da divindade

sim vida,
aquele que venceu a tua mais temerária inimiga
ainda utlizou três dias
motivos seus, inconscientes para este interlocutor

vejo apenas:
uma pedra
um túmulo
com um detalhe: vazio...


mistério profundo, profundamente vivo...

...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Destumule-se...





"...e como o noivo se alegra da noiva,

assim se alegrará de ti o teu Deus." Is62: 5b


Fosse hoje, aquele encontro entre os noivos que tão longamente se esperaram, se convidaram, se atraíram - entre olhos e abraços...sim!...
Fosse HOJE?!
nada mais importaria...
Se o olhar de um estivesse fixo sobre o outro, certamente, o outro não lhe desviaria o olhar...
Das várias e variadas maneiras que Deus se vale para demonstrar o seu sentimento pela Igreja, a figura da Noiva e o seu Noivo que virá buscá-la
sobre um cavalo branco(Ap19:11) é uma história de amor simplesmente imperdível...

Um sussurro de que seu chamado é firmado numa proposta amorosa, num convite de alguém incansavelmente disposto a amar.

Esta disposição para amar, independente de correspondência é algo único, não traz nenhum sentimento de frustação ao coração do Noivo, Ele mesmo afirma :
meu amor "tudo suporta, tudo espera..."(I Co13:),

Num mundo que se esquiva de amar, que passa ao longe de qualquer sentimento que imprima comprometimento, eternidade, fidelidade; Deus decide não desistir de nós,
seu andar pelo Jardim (e aqueles passos não lhe dariam um sétimo dia para descanso...)
seria só o início(Gn3),
o homem continuaria fugindo de seus braços, cheio de desculpas,
tentaria se enrolar em algumas outras folhas de vergonhas e mundanismo...

Desde o Gênesis...

Foi necessário ir além do Jardim

Retirar-se de sua Glória, descer para atrair de novo a sua Noiva para os seus braços,

O Gólgota seria a Grande Prova desse Amor...três dias tumulado...revirando até o inferno em busca de sua noiva!

O terceiro dia foi a vitória do Amor sobre a Morte, que antes tinha tumulado a alma humana...

A pedra do túmulo de seus medos, SEU NOIVO RETIROU!

Isto lhe custou a própria vida do seu Amado
Já ouviu algo assim?!

O máximo que se conta pela boca humana, é de algum Romeu e Julieta apaixonados, mas mortos um para o outro...
Não, não falo de morte, falo de um Amor que Morreu e Resssucitou, que não conseguiu ver sua amada deitada ao chão do pecado - presa e perdida,
Ele DECIDIU experimentar o nosso túmulo,
as nossas dores e traumas,

tudo para nos ter ao seu lado...

É esta a história de Deus, e ela Não deve ser apenas lida!


não a perca de vista!

Renove agora a sua visão de Deus... e o chame como se convidasse um noivo, um príncipe...
vamos!


Destumule-se!

"E o Espírito e a Noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida." (Ap22:17).