sábado, 21 de novembro de 2015

Das missangas sem um fio

"A missanga, todos veem. 
Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas.
Também é assim a voz do poeta:
Um fio de silêncio costurando o tempo."(Couto, 2012, p.12). 



















"Das missangas sem um fio"












Vou lançar minha fala ao mundo


Vou correr descalça na chuva
Vou gritar na madrugada silenciosa
Vou procurar quando todos já tiverem encontrado
Vou guardar o que todos já tiverem perdido
Vou subir quando a montanha tiver encerrado
Vou viver sem um fio - e não pretendo enfeitar vida em missangas 
Vou trancar os degraus da escada


Eu vou 
por um descaminho impossível

Eu vou 
costurando o tempo com um sorriso invisível.... 

Eu vou correr o risco de escrever com um fio e formar um composto confuso de missangas
As palavras são este fio invisível querendo compor com as cores que o mundo expõe
Talvez seja isso uma das formas de liberdade

"Escrever é sempre correr o risco de devolver ao desejo sua liberdade....p.47
As palavras são sempre péssimas tradutoras dos sentimentos....p.111
Para sentir é necessário esvaziar o corpo de pensamentos. p.112

".(warat, 2000).