quarta-feira, 24 de julho de 2013

Das taças d(a) vida...


Há taças que pedem silêncio

Tais taças são fundas – profundas

O brinde que se faz com elas é insuficiente
Requer conteúdos
cheiros
cores
motivos


As gotas que de lá gotejam são desperdícios - suicídios

Há tantas taças 

Todas incertas - por serem muitas
Todas quietas  - por serem vivas

Elas lembram reinos e banquetes
Mas também goles de amargura



O que está sentado em seus banquetes são intraduzíveis necessidades
Muitos sentam-se agora em banquetes infinitos, mas não saciam fomes e sedes mais infinitas ainda

Há taças que não contém o que a alma bebe

Há taças que falam por si
Outras que só querem ser ouvidas

O dia-taça também é assim
Pedindo silêncios, falas, cheiros, cores, brindes, motivos

Lancei ao ar o dia como uma taça
Desejei brindar o mais simples do instante

Ao ar
Só não faltaram motivos para desistir do brinde
Ao ar
Só um céu inabalável confrontando minha frágil mão - erguida

E foi assim
Deslocando os olhos da taça
Entreolhando a muralha azul do céu

Olhando assim
A taça parecia um prenúncio
Um grito de combate
Um desmontar os muros dos  meus limites!


Se puder:
Erga a alma,
Antes das taças

O que há em ti
é mais fundo
Do que o Universo inteiro

A taça humana não contém fim
A taça humana é este intraduzível
sem-fim...



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