Pela pressa de seguir ia esquecendo.
Estava tomando o pé na areia quente, descalça.
Queria o máximo de mim.
É estranha a sensação de não caber em si.
De escapar-se.
Aquele sentimento de pressa estava preso – inquieto, mas
imóvel.
Do nada reverteu-se em anseio e
De tanto querer, cegou em mim o olho para o algo mais.
“Ileide, as traves estão se movendo!”.
E para quem não sabe do que aqui falo, vou dar um breve
relato.
Dia de sol fervendo e aquele olho por entre os fios de uma
simples rede estavam a peneirar alguns segundos.
Não sabia se ia ou se ficava ali recolhida.
Por alguns instantes lembrei: esse dia pode ser comum ou
único...
Ninguém além de mim pode destacá-lo...
O mais engraçado estava nesse misto de deitar e não dormir.
A insônia vem sempre acompanhada de um atropelo de questões.
Um sentimento híbrido, inconstante.
Alguém pode entender isso?!
Que somos mais inquietos quanto mais a aparente quietude nos
atordoa?!
Quando não conseguimos andar no curso real de nossas rotinas
e queremos ancorar em cada gota de água como se fosse um mar aberto ao novo...
Ela não resistiu mais fechar os olhos e não dormir e correu..
E falo “Ela” sabendo que qualquer um sentirá que falo desse
“Eu em mim” , desse meu escorregão e aparente mergulho na existência...
Saindo.
Corri.
Mas dessa vez não era de mim...
Tomei um simples impulso: dei um salto daquela rede – me
desprendi!
Aquele dia de pensar tornou-se num outro, ao avesso.
Arriscou-se em dunas,
correu com amigos e nadou diante do céu escandalosamente
aberto...
Mas atreveu-se em olhar para trás.
Já eram 17:30h.
Como sabem, frio já corre por essas horas.
Mas Ela não o sentia
Cercada estava do que não previu, do que apenas sentiu e
tomou pé..., que nem sabia mais do que outrora tinha ruminado...
Num joguinho simples: chinelos como traves.
Ela relembrou e traduziu seu dia.
Corria esbaforidamente.
Tentava tomar a bola
e atravessar as fronteiras de calçados...
Mas tinha que marcar alguns que corriam tentando fazer o
mesmo do lado de cá...
“Ileide, as traves!!!”
De tanto correr não percebeu...
Alguma água danada os arrastou
Toda aquela correria de defender-me estava sendo vã
O máximo que conseguiria seria deixar o jogo empatado num
zero a zero
Já notou como podemos perder?!
Como teimando num momento só podemos obstruir todo um dia
que deveria ser único?!
Quantos casais que agora brigam amarrados num momento frio?!
Quantos dias que respiramos mais lento, pedindo fôlego,
porque nos abandonamos nas redes de tantos medos e anseios?!
Quantos dias perdidos assim!?
Agora pense comigo:
Como seria meu jogo se alguém não tivesse gritado de fora:
“As traves!!!”
Como seria se eu não tivesse ouvido por estar aturdida num
único foco...!?
E se eu tivesse me
rendido àquela rede e pensar de insônia?!
Um instante pode ser o suficiente para resgatar a vida e o dia...
A vida pode ser peneirada sim
Pode ser angustiada, angustiante
Mas ela pede mais que o pensar: ela exige um salto
Uma escorregadela na existência impossível
Aquela rede abandonada
Aqueles calçados flutuando, movendo-se
Sabe a sensação de “missão cumprida”!?
Pois é: estava no meu Eu aquele frisson todo?!
Estava em mim aquela correria e vontade de examinar cada gota
?!
Estava aonde?!
De onde retiramos essa vontade quando em nosso EU já nada
há!?
Deve-se a quem!?
A mim?!
Mas aqui dentro pulsa um coração ambíguo, contraditório, que
grita silêncios e silencia berros
Dever-se-á à vida, ou ao Sol, em sua maneira linda de arrastar um amanhecer radiante após longa noite sombria !?!?
Dever-se-á ao Criador incriado?!
Que belas ideias: a rotação, translação...!!!
Múltiplos giros para nos fazer esquecer que rodopiamos sempre
Tudo o mesmo
O que diferirá restará em nossas mãos
Mas precisamos aprender a andar sem enjoar,
diante de tantos e mesmos giros...
Devemos rabiscar novos e outros sóis, ainda que ainda estejamos...dia a dia...
sob o mesmo sol...
Devemos rabiscar novos e outros sóis, ainda que ainda estejamos...dia a dia...
sob o mesmo sol...
Pelo o q você tem guerreado?!
Tens ouvido os alertas do dia?!
Tens escutado vozes além do Eu em ti?!
Tens percebido o que se moveu enquanto você cochilava ?!
A vida (re)quer percepção...
Tens ouvido os alertas do dia?!
Tens escutado vozes além do Eu em ti?!
Tens percebido o que se moveu enquanto você cochilava ?!
A vida (re)quer percepção...
As traves da tua vida podem se mover, mas o Sol da Vida está intacto...
Corra!!!!
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