domingo, 15 de julho de 2012

A Mulher Desiludida (SIMONE DE BEAUVOIR)

“É preciso que me habitue. Sentei-me diante da mesa. Estou sentada. E olho essas duas portas: o escritório de Maurice, nosso quarto. Fechadas. Uma porta fechada, qualquer coisa me espreita, atrás. Ela não se abrirá se eu não me mexer. Não me mexer. Jamais. Parar o tempo e a vida. Mas eu sei que me mexerei. A porta se abrirá lentamente e eu verei o que há atrás da porta. É o futuro. A porta do futuro vai se abrir. Lentamente. Implacavelmente. Estou no limiar. Só existe esta porta e o que me espreita atrás dela. Tenho medo. E não posso pedir socorro a ninguém. Tenho medo.”(SIMONE DE BEAUVOIR, A Mulher Desiludida, Editora Nova Fronteira, 2010, pg.254)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.