quarta-feira, 7 de agosto de 2013

As cores da Esperança....



Ela sentia dedos passarem em suas costas
Subiu um calafrio
Ela estava só, em casa
De quem seria aquela mão?!


As dores que até então sentia pareciam ser aliviadas
De alguma maneira aquele momento parecia um arco sobre o céu

Sem mais, ela aquietou o olhar
Permaneceu de costas
O que sentia era mais intenso que sua angústia de sondar

Mas momentos de descanso não costumam durar muito
E, como de costume, aquele sumiu

Agredia as paredes com gritos
Afrontava as cores tranquilas do quarto e dizia:
“Seja quem for, não teve graça chegar assim, inominado, indiscreto, me fazendo sentir algo que alivia e depois sumir assim – sem fala...”

Ela não viu ou ouviu nada - nenhum som de resposta

Um choro inexplicável parecia cair em terra semeando novo chão
Aquela nova mulher parecia de coração envelhecido – quase petrificado

Tinha tanto choro calado
Tinha tanta mágoa escondida
Tinha tanto e tanta falta lhe (ex)istia...

Ela ali só
Nem podia ver a casa grande que morava
Sempre cheia de familiares e amigos

Mas
Ela ali só
Só morava
Era o que parecia

Ainda de olhos marejados
Arrumou lugar seco para dormir um pouco

De olhos fechados, aquele momento foi ganhando cor

Ela viu a esperança nos olhos
Dizem que a esperança é de uma só cor
Ela me disse que não

Era um arco de cores: um arco de feixes de luz

Ela mentia e mentiu por anos:
“Já não moras em mim! Deixei-te há anos! Viraste adágio, conto do vigário! Melhor seguir sem ti”.

Isso tudo porque achava que a Esperança era uma forma de revirar o mundo

Não!

A esperança de mil cores lhe disse:
“Sou a forma de rever o que há. Por isso possuo tantas cores e medidas quantas forem necessárias – sou a maneira mais aguda de redefinir a vida...”

Pausou aquela fala
Escreveu na mão direita daquela menina

Uma tatuagem memorial
Um signo de rever a vida por um viés em que a Esperança não seja a mágica de fazer as coisas darem certo, mas de nos levar por caminhos que vencem certos e errados caminhos...

Aquela menina acordou com a mão doendo
Parecia uma tatuagem sobre a mão

Lá estava escrito:
“Os dedos que passaram sobre você foram teus.
Como?!
Só haverá o que não há quando você for capaz de sonhar com isto.
A esperança é tudo que há em nós, mas que só conseguimos ver se refizermos os sentidos. 
Quando a vida te for incolor,
Lembra, menina, dos olhos multicoloridos da Esperança...”

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