"A poesia é uma expressão do não-ser do poeta. O que escrevo não é o que tenho; é o que me falta. Escrevo porque tenho sede e não tenho água. Sou pote. A poesia é água. O pote é um pedaço de não-ser cercado de argila por todos os lados, menos um. O pote é útil porque ele é um vazio que se pode carregar. Nesse vazio que não mata a sede de ninguém pode-se colher, na fonte, a água que mata a sede. Poeta é pote. Poesia é água. ". (ALVES, 2014. p.112).
terça-feira, 16 de abril de 2013
Nossas "variabilidades"...
"Pedimos somente um pouco de ordem para nos proteger de caos.
Nada é mais doloroso, mais angustiante do que um pensamento que escapa a si mesmo, ideias que fogem, que desaparecem apenas esboçadas, já corroídas pelo esquecimento ou precipitadas em outras, que também não dominamos.
São variabilidades infinitas cuja desaparição e aparição coincidem.
São velocidades infinitas, que se confundem com a imobilidade do nada incolor e silencioso que percorrem, sem natureza nem pensamento.
É o instante que não sabemos se é longo demais ou curto demais para o tempo.
Recebemos chicotadas que latem como artérias.
Perdemos sem cessar nossas ideias.
É por isso que queremos tanto agarrar-nos a opiniões prontas.
Pedimos somente que nossas ideias se encadeiem segundo um mínimo de regras constantes, e a associação de ideias jamais teve outro sentido: fornecer-nos regras protetoras, semelhança, contiguidade, causalidade, que nos permitem colocar um pouco de ordem nas ideias, passar de uma a outra segundo uma ordem do espaço e do tempo, impedindo nossa “fantasia” (o delírio, a loucura) de percorrer o universo no instante, para engendrar nele cavalos alados e dragões de fogo.". (DELEUZE, Gilles, 2008, p.259).
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