terça-feira, 16 de abril de 2013

Nossas "variabilidades"...


"Pedimos somente um pouco de ordem para nos proteger de caos. 
Nada é mais doloroso, mais angustiante do que um pensamento que escapa a si mesmo, ideias que fogem, que desaparecem apenas esboçadas, já corroídas pelo esquecimento ou precipitadas em outras, que também não dominamos. 
São variabilidades infinitas cuja desaparição e aparição coincidem. 
São velocidades infinitas, que se confundem com a imobilidade do nada incolor e silencioso que percorrem, sem natureza nem pensamento. 
É o instante que não sabemos se é longo demais ou curto demais para o tempo. 
Recebemos chicotadas que latem como artérias. 
Perdemos sem cessar nossas ideias. 
É por isso que queremos tanto agarrar-nos a opiniões prontas. 
Pedimos somente que nossas ideias se encadeiem segundo um mínimo de regras constantes, e a associação de ideias jamais teve outro sentido: fornecer-nos regras protetoras, semelhança, contiguidade, causalidade, que nos permitem colocar um pouco de ordem nas ideias, passar de uma a outra segundo uma ordem do espaço e do tempo, impedindo nossa “fantasia” (o delírio, a loucura) de percorrer o universo no instante, para engendrar nele cavalos alados e dragões de fogo.". (DELEUZE, Gilles, 2008, p.259). 

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