Ela deixou aquela rosa cair no chão.
Impressionante, todos pisavam aquele botão sem dó,
Mas é que ninguém notava que aquela flor lhe valia uma vida
Ninguém deveria ter o direito de pisar pessoas e suas flores
Mas nem todos sabem quando fazem isso
A maioria passa, apenas, sem tomar ciência do que faz ou fala -
que pena!
Ninguém deveria ter o direito de pisar pessoas e suas flores
Mas nem todos sabem quando fazem isso
A maioria passa, apenas, sem tomar ciência do que faz ou fala -
que pena!
Ela acordava cedo todos os dias
Caminhava dois quilômetros para pegar água e regar um
pequeno jardim que cultivava num terreno que não era seu
Ela costuma atravessar a fronteira onde se perdem os sem ânimo
Eu a vejo passando aqui porque também acordo cedo e trabalho
numa loja que esbarra em seu caminho
Ela, todos os dias, me serve um sorriso com a alegria de
algumas histórias de seus botões semi-abertos
Sempre fala de cada rosa como se fosse uma vida
A docilidade de lidar com as pessoas pede de nós ouvidos atentos
Ter conta sim de quais valores são caros
Do que, ao outro, significa
O dia que hoje relato foi o de um estranho vento
Indício de que a vida não é amordaçada mas , absolutamente: imprevisível
Mordendo a menina de sorriso farto
Levou a cesta com suas flores para longe
Por mais que eu tenha tentado salvar algumas
O vento nos venceu
As pessoas não se importavam
Simplesmente
Passavam
Ela chorava colhendo algumas cores
Botões e flores – regados - frutos de tantos dias de cuidados
Ao chão
Desistir não é muito parecido com ela
Não rima com suas flores
Não cheira o aroma do seu sorriso
Mas ela também é feita de espaços humanos
Neles há flor, cor, perfume, mas também espinhos
A cesta que restou?!
Só pétalas rasgadas
Semi-rosas
Semi-resgatadas
Ela era apenas silêncios
E eu
Tomou o caminho de
todas as manhãs – agora já estava atrasada
E levou aquela cesta estranha
Colhida na rua, com lágrimas
E se foi...
O que mais desgasta uma alma do que isto: sonhar com cestas floridas e colher apenas pétalas pisadas...
?!
?!
Sabe, hoje eu escrevo sobre ela porque nunca mais a vi
Nunca mais aquele sorriso foi espalhado
E nunca mais aquela água foi colhida para o Jardim da menina
das flores
Se eu pudesse
Iria àquele jardim
Será que ela desistiu do projeto
Abandonou a jardinagem e suas flores-filhas?!
Falta é algo que só se sente porque um dia se teve algo que valia a pena
Hoje faz falta?!
Então fique certo: um dia, valeu a pena
Queria que ela soubesse:
Moça, aquele seu jardim foi continuado
Moça, aquele seu jardim foi continuado
Passei a sorrir mais todas as manhãs
Quis relembrar o que você semeou enquanto passava por aqui
O que escrevo aqui é apenas
Pra lembrar que a história quer de nós a urgência dos jardins -
mais que a pressa dos terrores e afins...
mais que a pressa dos terrores e afins...
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