terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Perdões aos do Futuro e um adeus ao FACEBOOK...


Os tempos são absolutamente eternos - e etéreos
Paradoxais - soltos

Escrever cartas já não soa mais como antes
Escrevê-las para os do FUTURO parece mais absurdo ainda...

A despeito disto,
Resolvo escrever uma carta de DESCULPAS para as gerações que tratarão dos tempos de hoje...


Nos  perdoem!
Fomos irrequietos para brigas e xingamentos – letárgicos para ajudar quem quer que fosse
E, quando fazíamos algo pelo próximo, corríamos para redes sociais para postar aquele momento..

Nos perdoem!
Olhamos para o mundo pela tela do computador.
Esquecemos ruas inteiras para andar, paisagens e reuniões com amigos porque nos contentamos, num transe coletivo, com a janela sem alma...

Nos perdoem!
Elegemos o mais duro e nefasto legislativo desde a ditadura militar!
Deixamos que cem soldadinhos de chumbo bebessem de tantas almas órfãs de conhecimento, e engendrassem a opinião pública para uma política de repressão e falso moralismo...

Nos perdoem!
Eu escrevo para uma geração que, certamente, não verei... Mas é por ela que ainda teimo em questionar nossos costumes nervosos.

Nos perdoem!
Desaprendemos a fazer piada
Desaprendemos a conversar
Desaprendemos a apreciar paisagens
Desaprendemos a respeitar o diverso
Desaprendemos a viver e ...Vivemos..?!..?...!

O que vamos deixar para vocês, gerações futuras?!

Não queria deixar menos que isso, uma carta de desculpas, um sinal de que havia pessoas lutando contra a maré...
Sinto como se toda a humanidade tivesse se acostumado com uma "terceira perna"nascida da mais bárbara aparição dos instintos da humanidade, e, ESTRANHAMENTE, parece não querer largar.

Deixo, no final de minha carta de afeto, o texto de outra "desacostumada" que sinalizou os sintomas de abandonar essas próteses que esta sociedade Hipermoderna vem nos impondo:

"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. 
Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. 
Essa terceira perna eu perdi.
E voltei a ser uma pessoa que nunca fui.
Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas!"(LISPECTOR, 2010, p.12).

Com esta carta, uma despedida aos amigos de FACEBOOK: 
a TERCEIRA PERNA mais infalível dos nossos tempos...


Hei de andar com duas pernas - apenas

Antes que eu confunda protese com vidaaa....
;)

Ileide S. S. 


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