Vai, pássaro em gaiola!
Tentar insurgir um caminho novo!
Vai e tenta passar pelo menos entre as portas!
Vai! Vê o que te prende e morre de tentar romper
Vai!
Que as penas te sejam presas e já não mais auxílio –
pesas nisto crer
Vai, mesmo sem saber, o sabor, de onde andas
Vai, pássaro inteiro! que perturba a mente com as
fraturas que não existem,
Vai, pássaro que teme o estilhaço!
Vai! Despedaça teu viver!
Houve dias que pensava – dias que não voltarão
jamais!
Houve dias que dormia – não era preguiça era medo de
existir
Houve dias que pensou em lançar-se contra a gaiola e
explodir com ela
Houve tantos dias – e o que você fez neles, pássaro
intacto?!
Há um rastro de luta em tua gaiola?!
As feridas evitadas evitaram a luta explosiva do lado
de dentro!?
Vê?! Nem tudo é mero passo – há descompasso quando
não se sabe ver o viver!
Urnas
Depositando esperanças
Rios
Despejando vidas – Gastando andanças
Vertigens
Força grave – gravidades
Lutas
Intensas
Fugas
Imensas
Queria dedilhar agora um som que fizesse a gaiola
abrir
Mas o que trago?!
Outras gaiolas ao devir
É que a esperança da chave que abra as gaiolas que
nos metemos e que vida nos trancafia é,
por vezes, traiçoeira:
““A
esperança é a última a morrer.” Diz-se. Mas não é verdade. A esperança não
morre por si mesma. A esperança é morta. Não é um assassínio espectacular, não
sai nos jornais. É um processo lento e silencioso que faz esmorecer os
corações, envelhecer os olhos dos meninos e nos ensina a perder crença no
futuro.”Mia Couto.
Queria que, sempre, aqui as palavras fossem sentidas,
mais que percebidas
Que fossem moídas, mais que lidas
Fossem comidas – do caule à flor dos aromas!
“Era
a vertigem. Um atordoamento, um insuportável desejo de cair. Eu poderia dizer que a vertigem é
a embriaguez causada pela nossa própria fraqueza. Temos consciência da nossa própria fraqueza mas não queremos resistir a
ela e nos abandonar. Embriagamo-nos
com nossa própria fraqueza, queremos ser mais fracos ainda, queremos desabar em
plena rua, à vista de todos, queremos estar no chão, ainda mais baixo que o
chão.” (Kundera, 2001, P.74).
Dá tontura só de ler este texto
Mas é esse o sentimento que estou a descrever!
Não traço aqui um dicionário léxico sobre esperança
Aqui faço menção de um “rio léxico” que corre nos sentidos de quem sente VERTIGENS
Há janelas que podem ser CRIADAS, outras que não!
Há esperanças que podem morrer, outras que nascem falecidas!
Mas
a alma sempre pedirá a LUTA
Sinta o momento e perceba que não és SUPER, SUPRAHUMANO
A gaiola que te prendeu a alma pode não ter chave: se eu fosse você eu daria minha vida e morreria tentando...
Vertigens são gaiolas que queremos nos prender!
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