segunda-feira, 2 de setembro de 2013

“Es atmet mich”! (Isto me respira...!)


É preciso desejar ler muito, ler mais, ler sempre.
Assim, já de manhã, diante dos livros acumulados sobre a mesa,
Faço ao Deus da leitura a minha prece:
“a fome nossa de cada dia nos dai hoje...”. (BACHELARD, 2009, p. 26)



Andei relendo alguns textos meus
Admito que é meio sofrível
É que tenho mania de pensar por insight
E não gosto de reavaliar o já posto – postado?!

Mas, fazendo esta travessia
Notei que uma das expressões linguísticas que mais uso é a do:
“signo”.

(Quando falo signo, antes, vale avisar qualquer desavisado, não lido com a mística da astrologia, descreio em absoluto das previsões de jornais e revistas e mapas astrológicos – acho-os, sinceramente: insanos!)

Signo é uma linguagem compreensiva que remete a um espaço de construção simbólica de uma linguagem

A poesia é cheia de signos
A prosa também
A filosofia lida com os motivos, causas, conexões destes..
A teologia então, sem precedentes!

Ora, e eu que sou filha da filosofia
Neta da poesia
Bisneta da teologia
Como me veria sem os “signos”!?

Então, para um esforço de construção de uma lógica para leitura solitária de alguns poucos que ainda teimam em ler meus textos
Hoje quero trazer um breve escorço teórico sobre os “signos”

Primeiro, o que diz a filosofia sobre eles:
“latim: signum, alemão Zeichen). Qualquer objeto ou acontecimento. Esta definição é generalíssima e compreende a noção de Signo como qualquer possibilidade de referência. [...]”(ABBAGNANO. Dicionário de filosofia. p.894)

É tão importante que se saiba o que é ter uma compreensão por meio dos signos!

Os signos?!
Eles estão postos: como dito acima em: “Qualquer objeto ou acontecimento”
Sua função é limitada – condicionada – à alma do observador
Mesmo assim, devotado ao observador
O signo se desprende – empreende – faz (ultra)passagem

Se a noção da leitura não apenas da poesia, filosofia, teologia e etc
Rumasse no sentido “simbólico”
Da análise das raízes, por exemplo, da fala do outro
Faríamos travessia no sentido compreensivo do outro

Explico: Veio e gritou horrores.
Ela foi e silenciou depressa.
Ele, inquieto, rumou e perguntou o motivo.
Ela disse que entendia, que via por trás de toda aquela gritaria

Viu!?
Até na fala há signos!

Signo é uma forma de elaboração e compreensão dos sentidos

A linguagem é um dos signos mais belos da humanidade
Não entendo o porquê de, em Gênesis, a bíblia remeter à ela o atrapalho da humanidade
Mas concordo no que o Senhor disse:
“E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.”(Capítulo 11 do Gênesis)

A compreensão da linguagem do outro é a ferramenta mais poderosa!

Por este motivo, o chamado “dom da palavra”, a “retórica” tão venerada pelos gregos, é um instrumento tão eficaz!

O signo que eflui das palavras lidas é o metal mais precioso sobre a terra!
Fico garimpando-o como se lá tivesse tudo
Mas, admito, os signos dependem do que exista em mim

É como se fosse possível a alquimia: a transformação de coisas brutas em ouro – um outro

Se você conseguisse entender o que aqui proponho leria este excerto de uma forma mais delicada:

“A última coisa que eu prometeria seria melhorar a humanidade. Eu não construo novos ídolos, os velhos que aprendam o que significa ter pés de barro. Derrubar ídolos (minha palavra para ideais) – isso é o meu ofício.”. (Nietzsche, 2001, p.18).

Se você leu este trecho e saiu com dois discursos – infelizmente, perdeu o poder do signo:
Primeiro discurso: Isto é um absurdo! Ideais são necessários! Autor infeliz! (E, sem perceber, perde a poesia do escrito...)
Segundo discurso: Isto mesmo! Ídolos são mesmo para serem destruídos! ( e nem percebe que, ao fazer esta afirmação, acaba construindo um outro...).

Queria te propor uma releitura
Da vida
Da leitura
Do outro
Do dia...
Enfim

Queria que dissesse a cada manhã
Ante cada signo:
“Es atmet mich”!!!!


A expressão alemã Es atmet mich, literalmente “isto me respira”. Noutras palavras: o mundo vem respirar em mim, eu participo da boa respiração do mundo, estou mergulhado num mundo que respira. Tudo respira no mundo.”. (BACHELARD, 2009, p.172)

O signo é uma respiração que dá sua continuidade dentro de nós.

O ar que se respira fundo!
A algema que livra da liberdade - e liberta

O signo faz  feliz pelo tão só Signo de Respirar - que é bem mais que a operação mecânico-física:

"Ar que respiro a fundo
Tanto sóis o fazem denso
E, para mais avidez,
Ar onde o tempo se respira.
Eu respiro, eu respiro
Tão fundo que me vejo
A gozar o paraíso
Por excelência, o nosso.".(SUPERVIELLE, Jules, p.122).

Basta que olhemos com acuidade
Que vivamos de verdade
E brindemos a novidade!

Basta que a fala seja início
E o instante não mais precipício.

Basta que nada mais baste
Até que tudo nos silencie
E o céu retire a lágrima – e a colha - Sem-fim: sem meio ou início

O signo é semente – cujo solo só existe... como signo!

E aí?!
Vais semear?!

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