terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Subi a montanha...

Eu estava contando as horas
como quem cata gotas de mar para levá-las para seu pequeno castelo...

Eu estava cantando para fora de casa
como se pudesse dividir-me em instâncias e lançar algo para o lado de fora de mim...

Eu estava seguindo um outro passo
como se ser sombra me fosse o mais perfeito esconderijo

Sim, era eu!

Olhando agora, qual monge, nem me percebo...

Como então me vi?!
Subi a montanha

Levei comigo apenas a minha alma: esquecida naqueles pátios dos dias - vagando, qual fantasma, cheia de arritmias 
Levei comigo apenas o meu sopro, fôlego, para ver se agora conseguiria

Subi a montanha
Não conseguia olhar para trás

Subi a montanha
Com medos
Subi

Subindo a montanha e meu silêncio não dizia nada
Lembrava de teorias, frases e nada aquietava

Subindo a montanha ouvi a beleza assanhada 

Cantavam ainda pássaros
As folhas ainda tremulavam e as árvores pareciam me falar

Parei na montanha para me ver - me encontrar 

A noite começava a cravejar de luz o céu 
E eu, que há anos não me via, agora via os meus olhos espelhando os céus

Dormi na montanha
Nem sei o que lá ocorreu
Dormi na montanha
Ouvindo a lira de Orfeu...

Já era outro dia
E a montanha não era a mesma - nem eu

Segundo dia
Subindo a montanha
Cheguei ao cume - não da montanha, mas do que chamam de
"EU"

Parei bem ali e afirmei: é bem aqui!
Sim, aqui onde subi a montanha em mim
Sim, aqui mesmo!

Quando souberem que meu "subir a montanha" durou só dois dias saberão que não fui até o seu cume
Eu rirei deles

É que eles já não me im(pressionam)!

Subi a montanha, para mim um fato
Sem malas, mapas ou calçados

Subi a montanha e jamais desci

Isso é o que acontece agora, sem que você veja, faço escaladas em mim....

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